segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O ROMÂNTICO IDEAL DE LIBERDADE E IGUALDADE

A partir da leitura da obra de Delacroix, A liberdade guiando o povo 1830, podemos perceber que os ecos da revolução francesa que tanto inspiraram os poetas árcades se reafirmam e ganham forma no romantismo dando suporte ao ideal romântico patriótico. A emoção, os ideais, a luta, a revolução, o heroísmo patriótico expresso nas imagens como uma característica romântica. Os corpos amontoados aos pés de uma “mulher”, a idealização da liberdade, uma simbologia do sensual (com seios de fora) daquilo que desejamos e que está acima da própria morte, “aquilo que vale à pena morrer”, o vermelho da luta e do sangue de muitos. Apresenta-nos também outra característica romântica a busca do histórico de reafirmação da pátria, pois revela o movimento de transformação do cenário europeu que custou a vida de muitos cidadãos parisienses.
Essa força de sentimentos expressa no quadro de Delacroix ,também se apresenta na arte literária romântica no Brasil, na primeira geração romântica conhecida como geração nacionalista, principalmente no que diz respeito às questões de sentimento patriótico de resgate a uma cultura nacional da busca do passado histórico e do amor à terra natal(inspirados pela proclamação da república ). Com exemplo podemos citar a poesia de Gonçalves Dias – Canção do exílio “Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá; as aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá...” ou até uma busca de símbolos verdadeiramente brasileiros como a figura idealizada do índio nos romances indianistas de José de Alencar.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

conversa sobre bons livros e o que eles nos ensinam... Como fazer um relatório de leitura!

Apenas um exemplo de relatório de leitura

Título da Obra: Português ou Brasileiro – Um convite à pesquisa.
Autor: Marcos Bagno
Editora: Parábola
Ano: 2004/5ª edição


O livro começa com uma indagação importante que coloca em cheque as relações entre linguagem e discriminação social – “Ensinar português ou estudar brasileiro?” Um questionamento lançado a todo educador brasileiro diante desse difícil papel que é enfrentar os preconceitos e as formas instituídas do Ensino da língua materna no Brasil. Para isto, aponta as características das duas possibilidades que o autor apresenta. Se você deseja ensinar português, então transmitirá de maneira consciente ou inconsciente uma ideologia da incompetência que esmaga a auto-estima dos cidadãos e estimula a idéia de que somos errados, não sabemos fala, nem pensar e consecutivamente “somos burros”. Desta maneira seu objetivo será provar que a língua correta e boa é a Língua Portuguesa falada em Portugal – A língua de “Camões”!E reforçará mitos que se perpetuam á séculos. Se por outro lado, a sua opção for Estudar brasileiro, então, o importante é não aceitar dogmas preestabelecidos e admitir que a gramática precisa ser revisada em seus conceitos e que devemos construir nosso próprio conhecimento percebendo a diferença entre o que realmente acontece e aquilo que os outros gostariam que acontecessem . Saber que estudar brasileiro é dar lugar a língua “real” que falamos aqui no Brasil, enfim quando decidimos por este árduo caminho assumimos uma postura social e política diante dos outros, pois entendemos nosso papel como cidadão que contribui para o crescimento e o conhecimento de todos. Diante de toda essa proposta está embutido um grande equívoco da cultura ocidental que confunde gramática com a língua, que na verdade são coisas distintas Porque muitos acreditam até hoje que conhecer a nomenclatura gramatical é respectivamente conhecer e fazer um bom uso de nossa língua.

É preciso perceber que a concepção do uso da língua a que se propõe o autor é que a língua derrube de uma vez por todas a fortaleza da Gramática Tradicional de uma língua idealizada e guardada a sete chaves por muitos, que se auto denominam “guardiões” do “bem falar” que pretendem proteger a língua dos próprios falantes nativos. Neste ponto o autor compara a letra da música de Aldir Blanc e João Bosco, como a própria problemática enfrentada pelos estudos e pelo uso da língua.
O livro, na verdade, pretende propor sugestões práticas e reflexões teóricas baseadas nas investigações lingüísticas mais recentes destinadas principalmente aos professores de Ensino Médio. Porque o autor acredita que antes disso a criança deve apenas fazer atividades de leitura e produção de textos. Mas, somente depois desse período de exercitação da leitura e da escrita é que podemos pensar em levar nossos alunos á prática da reflexão lingüística. Lembrando, é claro, que o autor não fala do ensino tradicional da gramática normativa, pois todo falante nativo de uma língua tem o direito de se expressar em sua língua materna, oralmente ou por escrito.O livro quer servir de apoio a quem estiver disposto a estudar o brasileiro e levar o aluno, e a nós mesmos, a conhecer melhor esta língua que constitui parte essencial de nossa identidade como sujeito social.
Sabemos que durante muitos anos os estudos sobre língua e linguagem se direcionaram para a língua literária, que representa uma pequena parte do universo da língua para servir como modelo, e na forma como os “imortais” e os “clássicos” usam a língua. Deste modo, para saber a língua o seu objetivo é chegar o mais próximo destes clássicos e foi assim que os filólogos instituíram a gramática que significa “a arte de escrever” e que segue até hoje como a nomenclatura de Gramática Tradicional. Uma separação rígida entre a “língua escrita” e a “língua falada” e essa proposta dos gramáticos alexandrinos que se perpetua em equívocos por milênios e somente ao final do século XIX e início do século XX começa as ser questionada e revista. O interessante é que essa opção consciente pela língua dos clássicos feita pelos fundadores da gramática, começou a ser usada como código de leis como forma de medir todo e qualquer uso da língua e seus falantes nativos.
A partir das idéias apresentadas o autor demonstra casos específicos de teorias e conceitos encontrados na gramática normativa tradicional e que são postos a prova diante do uso e de suas impossibilidade para atender a outras explicações e outros casos que o conceito não atende, ou melhor, “os furos” da Gramática Tradicional:Como o conceito do artigo indefinido de sentido genérico e artigo indefinido com conceito de particularizar os seres , os pronomes possessivos e as pessoas do discurso em atribuição de posse. Aponta esses furos que não são expostos ou discutidos abertamente. E assim perceberemos as diversas incongruências, contradições e incoerências nas conceituações e definições da Gramática Tradicional e podemos concluir que a gramática tradicional não tem bases científicas consistentes. O que tenta mostrar neste argumento é que, na verdade, a gramática tradicional e seus preceitos são os resultados de um processo discriminatório bastante perverso que transforma dogmas em verdades definitivas seguidas como postulados incontestáveis. E se a gramática tradicional se constituiu numa doutrina, sendo, portanto essa tentativa não-científica de explicar fenômenos da língua sem ser científico se há uma ciência da linguagem que chamamos de Lingüística e que se incumbe de tal tarefa.
A publicação do livro Curso de Lingüística Geral de Ferdinand Saussure foi o marco da Lingüística Moderna e a partir dele o estudo das línguas humanas nunca mais foi o mesmo, causando uma verdadeira revolução no estudo da língua e inúmeras inovações que a partir de Saussure outros estudos sérios se seguiram e que passam a dar a verdadeira importância à língua falada, algo que anteriormente havia sido esquecida. Os estudos que levavam a velha divisão entre o “certo” e o “errado” deveriam ficar guardados na história para avançarmos mais um passo adiante de Saussure e dos estudos que o sucederam. Contudo, infelizmente a Gramática Tradicional ainda é muito forte e influente nos dias de hoje por seu tempo de uso conquistou título de nobreza em contra partida aos estudos contemporâneos sobre a língua que é muito recente. E a pior conseqüência desse elitismo é o caráter não científico e folclórico do “erro” e que a lingüística moderna nos ensina em seus estudos é que definitivamente não existe erro em língua, o que existe são formas diferentes das impostas pela tradição gramatical e mesmo o apelo exclusivo dos fiscais da língua e da gramática tradicional à língua escrita sobre os erros ortográficos na verdade são desvios da ortografia oficial.
Outro ponto levantado por Marcos Bagno se refere à falta na gramática tradicional de descrições que levem uma maior compreensão das regras, pois nunca conseguem ir além das frases específicas e exemplificadas que cabem perfeitamente na situação explicada. E que torna esdrúxula, pois ninguém fala em oração, frase e período e as conversas e o texto não aparecem do nada. A frase não é o todo. A gramática tradicional ao deter sua investigação na sintaxe, deixa de fora todo o universo de coisas importantíssimas como a semântica e pragmática. E nenhum gramático poderá fazer nada diante as necessidades de expressão dos falantes, ela obedece as regras intuitivas de sua gramática materna. O que os gramáticos esquecem é que a articulação sintaxe-semântica-pragmática é uma ferramenta indispensável para compreendermos os fenômenos da língua de modo mais completo e criterioso. Um ponto importante mencionado é o tratamento da idéia de Norma, que se apresenta um tanto confuso e ambíguo, pois cada teórico se relaciona com este termo de formas variadas e que não coincidem. O que demonstra no fim das contas que “norma“ não é científica e é baseada em preconceitos, principalmente quando unida a palavra “culta”. Mas, “norma culto para os lingüistas é o conjunto de usos lingüísticos dos falantes cultos de um país , de uma região ou de uma cidade, sem esquecer é claro de definir o que é falante culto: um indivíduo com grau de escolaridade superior completa, nascido e criado na zona urbana, e é a língua dessa minoria que é considerada a “norma culta”.E uma concepção mais criteriosa se refere a idéia de língua que existe, que pode ser coletada empiricamente e que não coincide necessariamente com os textos literários e que é chamado de norma culta, o autor prefere chamar de norma padrão, porque se trata de um modelo de língua.É por isso que existe essa distância enorme entre a norma culta e a língua “real”, empregada pelos falantes cultos.
A principal característica de uma língua é sua heterogeneidade, pois toda língua nunca é uma coisa compacta e uniforme. Depois da chegada da sociolingüística, não é possível mais aceitar certos pressupostos sem base científica, pois acentuou ainda mais esse despropósito não científico em que se baseavam as gramáticas tradicionais e seus conceitos sobre as relações sociais e a língua. E se compararmos as gramáticas tradicionais percebe-se a pouca quantidade de colaboradores que fazem análises segundo critérios científicos mais rigorosos e diante de uma nova perspectiva da ciência da língua contemporânea. Diante desse estudo pretende apresentar algumas diferenças entre a língua falada e utilizada hoje e a norma padrão como, por exemplo, citado a pronominalização que vem de uma tentativa de reproduzir, em português, o quadro dos pronomes pessoais que existiam no latim o que representa uma forma de uso muito antiga da língua. E esse pensamento antigo se estende em outras instancias como a idéia de saber a língua como dever cívico ou moral vem dessa elitização do saber como propunha os gregos e os “sábios”, o que se espelha enunciados atuais que dizem “o Brasil é um país de idioma sem gramática”, onde o absurdo reside no fato de que uma não existe sem a outra.
O livro propõe que todo professor de língua portuguesa do Brasil deveria ter o dever profissional de conhecer o projeto NURC que divide o estudo de língua no Brasil em antes e depois do projeto NURC.A sigla significa norma urbana culta, em um conceito empregado por lingüistas , como um projeto de documentação e pesquisa de estudos da língua oral em diversas capitais do país e que tem como objetivo político a luta para conseguir ensinar a língua materna de uma maneira mais democrática e menos preconceituosa e mais realista por conseqüência.Diferentemente da velha doutrina gramatical conservadora que se limita sempre em “Ensinar = Repetir para Reproduzir”, e que muita gente ainda se utiliza até hoje. O que o livro nos chama atenção é que em pleno século XXI a função da escola, além de transmitir alguns conhecimentos básicos, instrumentais, deve ser de ajudar o estudante a produzir seu próprio conhecimento. É ensinar a norma padrão como algo independente das aulas de gramática tradicionais, da idéia de decorar nomes, técnicas, conceitos que muitas vezes não condizem com a realidade ou com outros exemplos o importante é fazer um estudo crítico apontando as problemáticas que se estende a dicotomia língua padrão e língua falada no Brasil.
É necessário, segundo a proposta do livro, observar alguns aspectos detectados pela gramática tradicional como “erros”, fazendo então uma investigação e uma comprovação de fenômenos como a estratégias da relativização; da pronominalização do objeto direto de terceira pessoa; pronomes sujeito-objeto; pseudopassiva sintética; regências do verbo ir e chegar com sentido diretivo.O livro se limita apenas a esses cinco fatos sintáticos e propõe mais quatro sugestões para futuras pesquisas no campo da lingüística e lança esse pontapé inicial aos estudos e a pesquisas sérias sem ideologias preconcebidas, na verdade propõe o repensar do conhecimento estratificado da gramática tradicional, lançando–nos a conhecimentos mais profundo e menos superficiais como se empenham os guardiões da “norma padrão”. Como uma mola propulsora á descobertas que estremeçam as colunas gregas dos palácios modelos clássicos impostos como padrão até hoje.

Uma conversa filosófica sobre Estética...

Referência Bibliográfica
HEGEL,G. H. Tradução de Marco Aurélio Werle.Volume I.Editora da Universidade de São Paulo.
A definição de Estética refere-se à ciência do sentido, da sensação como questão filosófica e não apenas como um estudo do objeto e o belo ou a bela arte. Há uma significação voltada à idéia de “provocar”, “instigar” em alemão o “empfinden” como o agrado das sensações e a admiração e que se adequaria ao estudo da filosofia da bela arte e isto deixa de fora o belo natural, em primeiro plano, é claro. Porque o “belo” artístico está acima da natureza sendo o belo artístico aquele que nasce do espírito que é uma espécie de reflexo desse “belo natural” e está contido no próprio espírito. A grande dificuldade que a “bela arte” enfrenta em relação ao tratamento científico está em alguns pontos instáveis, primeiramente, a indeterminação do critério do julgamento da arte, fator esse resolvido em parte por Kant e sua “crítica do juízo” contribuindo para idéia do critério de julgamento artístico. Outro fator levantado para que a bela arte não seja encarada como ciência, seria a visão da arte como algo supérfluo sem uma finalidade prática. Em oposição a esse pensamento, podemos entender que as belas artes como ciência ocupa-se com o pensamento que abstrai da massa as particularidades e sua universalidade. Então, podemos dizer de fato que o impulso universal do fenômeno do belo e do gosto na natureza humana leva–nos ao ideal de que a bela arte é uma liberdade verdadeira que atende a outros fins comuns ao pensamento do homem e interesses mais profundo do espírito, expondo a liberdade do conhecimento pensante e isso a torna digna de um estudo científico sério.
A obra de arte coloca, além de sua essência e aparência, a força temporal e histórica intrínseca na arte, no qual o pensamento filosófico se configura. Contudo, ultrapassando o estágio de considerar a obra de arte sob uma concepção cristã ou a idéia de veneração e adoração da mesma, graças a uma atitude mais racional diante da arte. O que existe é uma reflexão que suscita no observador um pensamento que se sobrepuja a própria arte. Essa cultura (bildung) da reflexão própria da vida contemporânea nos une os sentimentos e pontos de vista universais que particularizam os pensamentos humanos. Diante desse pensamento contemporâneo da arte, onde já temos um juízo de valores, a autenticidade da arte se perde em favor da representação do juízo estético que fica embutido na arte. E a partir dessas relações percebemos a necessidade, em nosso tempo, de uma ciência da arte, pois ele se sublima a simples contemplação, ela nos convida a uma contemplação mediada por um pensamento de juízo estético.
Se postularmos que o espírito tem a capacidade de observar, de ter uma consciência, ou melhor, de ter uma consciência de pensar sobre si mesma, é possível considerar que é justamente esse “pensar sobre si” que constitui o a natureza essencial do espírito. E é neste sentido que a arte se aproxima dessa natureza do espírito. Quando aceitamos que a arte nos oferece uma reflexão filosófica é impossível separar o filosofar da ciência, já que a filosofia deve desenvolver e demonstrar um objeto e sua natureza interior pode classificar, então, a cientificidade desta consideração. Neste âmbito, a arte está próxima do espírito e de seu pensar do que a própria natureza exterior destituída de espírito. A arte não é em si o pensamento e o conceito, mas um desenvolvimento do próprio conceito em si. Uma espécie de estranhamento (entfremdung) na direção do sensível, a força do espírito pensante que reside não apenas na forma, mas em si, na sensibilidade e no sentimento que transforma esse estranho em pensamento reflexivo que se conceitua no universal que também mantêm suas particularidades, por isso somente a ciência torna legitima a arte, não divagando ao ideal que se limita à fantasia e a imaginação pura e simplesmente, pois as formas não derivam do acaso.
As espécies de tratamento científicas do Belo e da Arte lançam teorias que oferecem pontos de vista universais para o julgamento estético e para a própria produção artística. O empírico como o primeiro modo de tratamento sobre o Belo e a Arte, assim toda a obra de arte pertence a sua época e a seu povo com concepções particulares e fins históricos, assim é necessário um conhecimento histórico para comparar as obras e compreender que é na sua singularidade que deve ser reconhecida. Outro modo de tratamento dado as arte refere-se à reflexão da arte e seu próprio juízo que formam critérios de forma geral para o desenvolvimento das teorias das artes., como as determinações universais que eram abstraídas e que tinham de valer como preceitos e regras.
A filosofia da arte não se ocupa com regras e prescrições para os artistas, mas deseja descobrir e refletir sobre o que é o belo. A arte de imediato não tem valor, mas por trás dela há um significado que permite que sua forma exterior (aubenerscheinung) possua um espírito – “uma aura”, onde sua exterioridade aponta para aquilo que é a sua alma.A arte tem a necessidade de manifestar sua vitalidade interior , seu sentimento, sua alma, seu espírito e sua alma como substancia intrínseca , é isso que denominamos como significado da obra de arte, e a partir desta concepção entendemos o Belo como um elemento exterior que significa um conteúdo interior .Mas foi a partir de Platão que se estabelece um modo mais profundo que reconhecesse a arte como reflexão filosófica diante de seus objetos por sua universalidade e não por sua particularidade.Sendo o “bom”, como as boas ações , o verdadeiro em essência o conceito do próprio Belo em si mesmo.Na verdade , o conceito filosófico do Belo deve ir mais além, deve conter em si mesmo o mediador de dois extremos reunindo a universalidade metafísica e a particularidade real.
As concepções que foram determinadas sobre a obra de arte envolvem três dimensões importantes: A obra de arte é um produto das mãos humanas, ou seja ela é uma produção consciente de algo exterior , uma espécie de intuição de circunstâncias exteriores que são manifestadas.Partindo para outra concepção, sabemos que a obra de arte é feita essencialmente para o homem e se destinas a despertar seus sentidos, pelo fato de que o próprio espírito se dirige ao mundo exterior e interior.Por fim, a concepção em que a arte possui uma finalidade em si mesma; por isso a obra de arte está acima do produto natural porque fez uma passagem pelo reflexivo espiritual e assim a necessidade universal e absoluta da arte brota da necessidade imanente do ser humano ser uma consciência pensante de uma necessidade universal racional de expor o mundo interior e exterior , como se a partir disto reconhecesse a si mesmo e ao próprio objeto e o mundo exterior em sua representação fosse reconhecido sua existência.A consideração que a bela arte está destinada a suscitar o sentimento em geral torna–se vazio pois se dedica apenas as particularidades subjetivas, as Belas Artes deve suscitar apenas sentimentos que decorram do fato dela ser bela o sentimento do “agrado”, uma reflexão que deve encontrar um sentimento peculiar do belo e um sentido para ele.
Enfim, é possível perceber que as concepções variaram durante o decorrer da história e que a discussão envolvendo o Belo, as belas artes e o fator objetivo ou subjetivo que define uma obra de arte foi se estruturando, pois se para Platão existia o “belo em si”, uma essência ideal, objetiva que havia um modelo e critério de julgamento onde o “bom” é o belo e está no próprio objeto. A partir dos empiristas, como David Hume , o belo é reduzido ao gosto subjetivo e que não poderia ser discutido racionalmente, pois não está no objeto.Kant, tenta resolver esse impasse entre subjetividade e objetividade afirmando que o belo é “aquilo que agrada universalmente, ainda que não se possa justificá-lo intelectualmente” e a causa reside no sujeito, assim o belo é uma qualidade que atribuímos aos objetos para exprimir certos estados da nossa subjetividade.Hegel, introduz o conceito de história , a beleza muda e se refaz através dos tempos – o devir que reflete na arte uma visão de mundo e sua época, para ele o espírito está na obra de arte pelas mãos humanas .

Uma conversa sobre análise do discurso fílmico...

Estamos acostumados a utilizar o processo de análise do discurso apenas a textos escritos ou a textos relacionados ao mundo acadêmico ou particularmente ao universo didático escolar. Contudo, a análise textual é um fator muito mais profundo, pois percorre vários feixes de possibilidades interpretativas sob diversos aspectos relacionados ao nosso cotidiano em textos que nos deparamos nas tarefas mais simples do nosso dia-a-dia como receitas médicas, prospectos de propaganda,vestimentas, figuras de cartazes,fotografias, outdoors e muitos outros textos .Acostumar-se a uma leitura de mundo mais profunda nos torna mais críticos e mais atentos principalmente nas construções persuasivas que nos cercam. Vejamos aqui apenas aum exemplo dessas possibilidades através da análise textual fílmica do filme Cidade de Deus que assisti esta semana.
Diante dos estudos propostos de análise do discurso como Foucaut e principalmente da afirmação teórica de Fairclough referente às construções da realidade ideológica e segundo o texto de Luiz Antônio Marcuschi, que trata dos aspectos relativos à produção, circulação e funcionamento dos gêneros textuais como formas de controle social, passei a lançar um olhar diferenciado sobre as análises fílmicas cotidianas, contudo um filme em questão instigou-me a tentativas mais profundas que colocassem os temas abordados em análise do discurso dentro dessa perspectiva de análise semiótica – O filme Cidade de Deus de Fernando Meirelles.
Trata-se, em seu contexto, não apenas mostrar que a significação cinematográfica não pode ser convenientemente analisada se nos prendermos à definição de linguagem como sistema de signos destinados à comunicação; mas também colocar-se em quadros mais amplos de pesquisas semiológicas atuais. Nesse caso a palavra “texto” não se aplica apenas como o elemento verbal do filme. Além disso, a manifestação dos sentidos pode-se efetivar por processos que envolvem tanto dispositivos da ordem do inteligível quanto da ordem do sensível. Pelas manobras do inteligível, nos são revelados temas, personagens, ações, que se projetam no tempo e no espaço, trazendo a sensação da temporalidade dos fatos, do espaço traçado a certos domínios e de sua inserção na memória. Pelo sensível, tais mecanismos ganham sobre determinações de natureza afetiva: o discurso não nos diz algo apenas, mas nos leva a sentir seus efeitos, a compartilhar sensorialmente dos estados emotivos presentes no nível do enunciado, a acelerar o ritmo de nosso próprio corpo em consonância com o ritmo dos acontecimentos narrativos ou a distendê-lo em estado de êxtase ou serenidade quando assim se desenrola a trama discursiva.
Esses procedimentos ocorrem em diversos tipos de textos, verbais, visuais, audiovisuais, e em suas diferentes modalidades, no texto jornalístico, televisivo, publicitário, fílmico, etc. Eles fazem parte, portanto, dos fenômenos que tocam o domínio da comunicação, na medida em que toda interação mobiliza recursos simbólicos. E diante de uma análise discursiva e dos elementos analíticos propostos em Faiclough como os modos de operação da ideologia que se refere à legitimação, dissimulação, unificação, fragmentação e reificação (coisificação) que definem realidade ideológica do discurso do filme, tanto no que se referem aos diálogos quanto à análise semiótica simbólica utilizada por Fernando Meirelles, traçar pontos de tensão em que se constrói o discurso da violência e consequentemente as relações de poder no espaço da Cidade de Deus retratado no filme.
As questões levantadas apresentam a análise das categorias textuais de Fairclough tendo como foco os aspectos semióticos, a coesão e o vocabulário do filme.Porque para Fairclough o sujeito é interpelado e ao mesmo tempo criativo e ativo no processo discursivo social; diferente da análise de Pêcheux ,por exemplo, pois acredita que o sujeito é um ser passivo. Assim, as análises sob o a luz das teorias propostas por Fairclough se adequariam mais ao estudo das relações sociais no filme, já que este estudo pretende examinar os aspectos textuais e semióticos do filme segundo uma análise do discurso crítico, sendo o foco do estudo a construção da violência e a legitimação do poder que se estabelece principalmente no discurso dos personagens e nas imagens simbólicas apresentadas.
Outro ponto relevante abordado e que seria indispensável para o entendimento das relações de discurso e poder é uma análise das particularidades do processo de constituição subjetiva de crianças e adolescentes que vivem na rua baseia-se no pressuposto de que este processo é articulado à construção do laço social, ancorado nos conceitos psicanalíticos de Lei, ideal e identificação. Considera que não há subjetividade que se organize fora do laço social, sendo que os discursos não são senão o modo em que se efetiva esta articulação com o laço social; articulação que parte da constatação dos efeitos da presença do Outro na subjetividade. Além de entrar na especificidade dos tipos de discurso, vale ressaltar a força e a imposição das identidades que se projetam o discurso do Outro, e que é relevante à constituição do próprio sujeito, mostra-se impregnado da produção imaginária do grupo social, ou seja, o discurso do Outro remete ao imaginário social na medida em que contém fantasmas dos grupos sociais. Para atingir os objetivos propostos, é imprescindível ter um referencial quanto à abordagem qualitativa que considera o cerne do sentido do discurso: o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, que estão ligados a espaços de relações e fenômenos que não podem ser reduzidos à análise vocabular, mas a um conjunto de fatores apresentados pelo filme que caracteriza a violência em todas as formas do discurso.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

aula redação ENEM! Atenção é exclusiva!

ESQUEMA BÁSICO DA DISSERTAÇÃO

TEMA: A chegada do terceiro milênio e os problemas que ainda não foram resolvidos pela humanidade.
TÍTULO:
INTRODUÇÃO: A humanidade às vésperas da tão esperada chegada ao terceiro milênio , diante de tantos avanços científicos e tecnológicos, ainda não conseguiu resolver graves problemas.

POR QUÊ ?
• FOME
• GUERRAS
• ESTRAGO AO MEIO AMBIENTE

DESENVOLVIMENTO:
1. Existem populações imersas em completa miséria.
2. A paz é interrompida frequentemente por conflitos internacionais.
3. O meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.

CONCLUSÃO:
• Em virtude dos fatos mencionados, somos levados a acreditar que enquanto o homem achar que sua busca pela riqueza está acima de qualquer valor humano;
• Enquanto o homem acreditar que a miséria não tem nada a ver com ele;
• Enquanto o homem defender seu ponto de vista de maneira intolerante e usando de força;
• Enquanto ele não aprender a dividir e a conviver com as diferenças;
• Enquanto ele se utilizar da natureza como recurso inesgotável para satisfazer suas necessidades;
• O homem perceberá que mesmo diante de maravilhas tecnológicas, de tantas descobertas científicas de nada servirão se não construirmos um mundo mais justo, pacífico e que será harmoniosamente habitável pelas gerações futuras que não carregarão esse fardo e nem precisarão “fazer esta dissertação”.

DIANTE DESSE ESQUEMA O QUE DEVEMOS LEVAR EM CONSIDERAÇÃO:

• A linguagem normalmente com o padrão culto formal da língua.
• O autor poderá se colocar de modo pessoal quando o texto for informal (e for sinalizado pela banca examinadora na questão), então, só assim utilizar 1ª pessoa do singular (eu).
• Fique atento aos conectivos que podem tornar seu texto mais coeso.
• Ao delimitar seu texto a partir de um esquema você diminui as chances de se perder ou misturar assuntos.

O QUE VOCÊ PRECISA SABER!

INFORMAL: “Em minha opinião..., gostaria de lembrar que, penso que, tenho visto nas últimas semanas, eu acredito que..., eu sei que....”
FORMAL: “ É provável que, não podemos esquecer que, não se pode esquecer que, é possível destacar que.., convém lembrar que, sabe-se que...”

• DISSERTATIVO OBJETIVO = FORMAL / TEXTO CIENTÍFICO.
• DISSERTATIVO SUBJETIVO= INFORMAL/OPINIÃO ESPECÍFICA PARA TEXTOS TIPO CARTA AO LEITOR, CRITICA A DETERMINADO TEXTO E ETC...

TIPOS DE ARGUMENTO:

• Com base em citação:

Citar frase ou pensamento de uma autoridade.

“Como diz Rousseau: “O homem é puro e bom, mas a sociedade o corrompe...”


• Com base no senso comum:
Fundamentar ideias em valores universais e compartilhados pela maioria da sociedade.

“Sabe-se que uma boa educação na infância e uma criança educada em um ambiente tranquilo torna-se um adulto mais saudável psicológicamente....”

• Com base em evidências:

Apresentar fatos,estatísticas,pesquisas, informações científicas ...

“Segundo mostra a pesquisa, observa-se claramente que a genética aliada a formas de gestação são também fatores que contribuem com as reações ,digamos, mais violentas de algumas crianças....”

• Com base no raciocínio lógico:

Estabelecer uma relação de causa e conseqüência.

“Se a crianças desde pequena é exposta a atos de extrema violência, logo a probabilidade de que ela repita esses atos e se torne um adulto violento será maior....”

• Com base em exemplos :

Citar exemplos para estabelecer lógica.

“Basta que nos recordemos, por exemplo, da vida do seqüestrador do ônibus 174 que ficou famoso no noticiário e foi retratado no filme que mostra a trajetória de um menino e as condições de vida que o levaram até o crime, assim como a de milhares de crianças que hoje estão no mundo do crime ....”


ATENÇÃO !Cuidado com exemplos pessoais... Transforme-o em impessoal:

EXEMPLO PESSOAL:

“minha prima tem 12 anos e ficou grávida , mas minha tia mandou ela ir embora de casa....”


EXEMPLO IMPESSOAL:

“ É possível citar as milhares de meninas que ficaram grávidas aos 12 anos de idade , não foram acolhidas pela família e tiveram de sair de casa...”


• Com base histórica:

Utilização de dados históricos.

“É possível compreendermos a questão da violência como algo inerente ao homem e que deve ser trabalhado, quando entendemos também que desde os primórdios da humanidade a violência era fator primordial para sobrevivência humana.....”


O QUE FAZER ANTES DE ESCREVER?

• Leia com atenção a proposta para entender o que se pede e identifique o tema.
• Pare e pense!!!Passe uns minutos verificando suas idéias a respeito do tema.
• O tema da redação pode não estar explicito. Neste caso, você deverá identificá-lo a partir dos textos alimentadores. (que podem ser fotografias, pinturas, charges,poesia e outros)
• Fique atento para não fugir do tema.
• Cuidado!Os textos alimentadores são para que você possa chegar a sua conclusão e não para fazer uma paráfrase.
• Os textos alimentadores geralmente “ a chave do negócio!” servem para testar sua capacidade de reflexão, análise, comparação, síntese, intertextualidade e construção do tema.
• Se a redação for em prosa: não escreva em versos, mesmo que sem rima ou métrica!
• Se a proposta for um texto narrativo, NÃO SE PERCA! A banca não quer saber se você é um contador de causos!você deve levar em consideração os elementos que constituem esse tipo de texto: tipo de narrador, personagem, tempo, espaço, enredo. Além disso, a narrativa deve estar ligada ao tema pedido e não contar uma história qualquer!
• Se a proposta for um texto carta-argumentativa: verifique o tipo de linguagem que se pedeou para que tipo de interlocutor. Por exemplo,se pedir para fazer uma carta com determinados argumentos para convencer um ministro em uma lei específica(mesmo que não fale o tipo de linguagem a ser abordada)sabemos que a linguagem é FORMAL! Mas é importante ainda lembrar da estrutura desse tipo de texto: Data, vocativo,parágrafo, despedida...
ATENÇÃO: Não pode assinar!

• Se a proposta for dissertativo-argumentativa não se esqueça de adotar um ponto de vista, ser impessoal e sobretudo apresentar e discutir fatos, dados e opiniões sobre o tema.
• Planeje o texto antes!Use o rascunho e coloque sua opinião em uma frase afirmativa, depois apresente pelo menos 2 argumentos (ou o porquê) penso desta maneira_ coloque em tópicos, e ainda em forma de tópicos coloque argumentos e o resultado a finalização de sua idéia. Isso se chama esqueleto do texto!
• Opte pela voz ativa;
• Evite períodos longos.
• Abuse dos substantivos e tenha cuidado com os adjetivos e advérbios: “A mulher que é bonita...” para “A beleza da mulher”
• Use elementos de coesão: conjunções subordinativas,coordenativas,pronomes relativos, sinônimos, pronomes demonstrativos recuperando o que foi dito antes “esse assunto...” “Deste modo” “Sendo assim...” “logo...”, “assim como...” “da mesma forma que”
• REVISE!
• EVITE LETRA DE FORMA!
• NÃO RASURE!
• FIQUE ATENTO AO NÚMERO DE LINHAS!
• NÃO SE IDENTIFIQUE !
• PASSE A LIMPO!
• NÃO USE EXPRESSÕES “EU ACHO..”
• NÃO USE GÍRIAS!
• EVITE POSIÇÕES EXTREMISTAS!
• FUJA DE FÓRMULAS PRONTAS: “atualmente...” “nos últimos tempos temos visto...”
• PLANEJE O SEU TEMPO!

ACIMA DE TUDO!!!!!!!!!

VOCÊ PRECISA:
• LER TEXTOS EM JORNAIS E REVISTAS;
• TER “BAGAGEM”, OU SEJA,SABER! FIQUE ATENTO AO MUNDO E SEUS ASSUNTOS, E FORMULE SUAS OPNIÕES SEMPRE!
• VÁ AO CINEMA, VÁ AO TEATRO E EXPOSIÇÕES...
• NÃO DÁ PARA SAIR ESCREVENDO DE FORMA CLARA LOGO DA PRIMEIRA VEZ....POR ISSO....ESCREVA!EXERCITE!
• COMECE JÁ!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Eros e Psique -O texto para que você possa ler...faça essa pausa!

Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.

Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.

A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.

Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.

Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.

E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,

E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.


Fernando Pessoa

É preciso acordar a princesa que dorme!

Confesso que ao ler este poema de Fernado Pessoa "Eros e Psique"-(a princesa que dormia),passei um tempo pensando no quão libertador, principalmente para as mulheres, o sentido depertado pelo poeta português.


Procuramos a vida inteira algo "fora de nós" para encontrarmos a felicidade...o encontro com o amor personificado em um alguém, o encontro com a satisfação pessoal cristalizada em promessas futuras ligadas à algo fora de nós_ "quando eu conseguir aquele emprego encontrarei a felicidade", "quando comprar aquele carro ou aquela casa serei feliz..."_ sempre tudo tão distante "atravessar muros, montanhas, perigos, ameaças, dragões..." E ser feliz torna-se algo tão inatingível nos dias de hoje ,como acreditar que há um príncipe ou uma pricesa encantada esperando por nós.E tudo torna-se a busca de algo que não depende de nós,pois está fora de nós!E ao acreditarmos nisso não controlamos...só esperamos...ficamos esperando..."e ela dele ignorado,ele para ela ninguém"...Mas o grande engano é que na espera não há busca e a busca em lugares errados não promovem o encontro.Continuamos ignorando e ignorados...continuamos incompletos pela impossibilidade do encontro perfeito...e somos ninguém...porque nos falta algo...O encontro!

"Ele tinha que,tentado vencer o mal e o bem,/antes que, já libertado,/deixasse o caminho errado/por o que a princesa vem"...para que haja o encontro precisamos ser libertos e encontar o caminho certo e vencer o mal e o bem dentro de nós...a busca nas muralhas e fossos dentro de nós mesmos...é uma grande aventura...e uma grande batalha...em nosso sono profundo ornados em era ( uma planta que representa o tempo que passa)...esperamos pelo encontro que mudará nossas vidas...aquele que dá sentido e nesse processo divino que faz existir o caminho!Ainda tontos, no meio do obcuro em nós, escondidos em tantas eras...por tanto tempo adormecidos...descobrimos que nós mesmos somos a princesa que dormia...E nesse encontro ao acordar ...DESPERTAMOS O MELHOR EM NÓS!E apaixonados por essa que dormia ignorada...somos capazes do encontro perfeito..."e foram felizes para sempre!"

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

"Um povo que não fomenta a sua arte...morreu ou está moribundo!"

Esta semana li uma notícia sobre o 2º Prêmio São Paulo de Literatura, promovido pelo governo do Estado de São Paulo, em cerimônia no Museu da Língua Portuguesa, na capital paulista.E comecei a pensar sobre o impacto desse prêmio para valorização daquele "que tem uma idéia, passa ela para o papel e trabalha como um lavrador debruçado em palavras e que vence suas inseguranças , dribla o medo do ridículo,e que se expõe, se desnuda e tem a coragem de ser escritor!"
Como professora de língua portuguesa percebo que esse desejo de escrever é mais latente nas séries iniciais,onde a criança despida de receios simplesmente escreve...desenha...conta a sua história...ela é livre...tem milhões de idéias...é incrível vê-las! Contudo, ao passo que crescem e que pela lógica crescente chamada de "série" e contraditoriamente aprendem mais, também, afastam-se cada vez mais desse ímpeto de escritor. Passam a se envergonhar, passam a ter receios demais, passam a acreditar que para escrever precisam saber mais... e que não são dignos...e mais ainda...eles vão desacreditando em suas idéias!
É preciso descobrir onde é que estamos errando. Será que é a forma como corrigimos?Ou de como avaliamos? Será que o papel do professor , ao invés de encorajar e dar asas às possibilidades, fruto de sua imaginação tão pura... passamos a criticar tanto ...apurar tanto...a "podar tanto" que cultivamos "árvores sem folhas que de tão podadas passam a não dar frutos e podem secar!"
Atitudes governamentais,municipais ou até mesmo no âmbito escolar que para fomentar a arte literária ,especificamente, realizam festivais, concursos e prêmios...nada valem se em nosso ofício (de ensinar o amor a nossa língua e o uso dela)"ceifarmos", "separando criteriosamente o joio do trigo" transformando assim a "produção literária" em "produção escassa" ou só para "subsistência"...é preciso alcançar o mercado externo..."uma produção também para exportação"...rsrs...

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Discurso e poder na Escola

A escola está inserida em um contexto de respeito e de produção do discurso acadêmico  e com base na valorização do discurso "daquele que sabe", contudo essas relações desiguais entre "aquele que sabe e fala" e "aqueles que não sabem e ouvem" têm produzido a exclusão daqueles grupos nos quais os universos não correspondem ao discurso privilegiado no espaço escolar. Deste modo, o discurso torna-se uma ferramenta de manutenção dessas relações de poder que se revela a todo instante no espaço escolar. mas, é possível notar uma mudança significativa dessa relação atualmente, já que (pelo que tenho observado em muitas escolas)  a posse do discurso é quase que "tomada" do professor em sala, e este a todo custo tenta retomá-la.
Não é possível mais obter a posse do discurso em sala por meio de ameaças, como no passado que por muito tempo se fez.O discurso hoje é conquistado!!Muitos educadores precisam aprender ,que além de ser um "expert", ou seja , um especialista em sua disciplina, é preciso conquistar o discurso...que se revela nessa singela e importante homenagem: "a posse e guarda do discurso!" É concedido!Não é exigido...Esse "passe livre" é dado quando temos segurança, paixão pelo o que fazemos, quando acreditamos que há uma saída, quando não achamos que está tudo perdido, quando não olhamos para os alunos com a sensaçao de que "não há nada a ser feito", quando estamos preparados para dar a aula (ou seja planejamento!), quando  paramos de culpar o sistema pela péssima educação do país, quando percebemos que podemos fazer a diferença, quando mostramos para eles que o "poder é deles!"...rsrrss...é loucura...mas é!O que devemos fazer é ensiná-los a saber o que fazer com esse poder e aprender a lidar com esse poder dentro de sala também, pois quando temos o poder do discurso , algumas vezes nos tornamos ditadores!Facistas e chatos!! !Precisamos de humildade sim!
Bem, isso não é teoria!Tenho vivido essa experiência...e percebido respostas surpreendentes!      

Quando não encontro palavras...elas me encontram...

O apanhador de desperdícios


Uso a palavra para compor meus silêncios.

Não gosto das palavras

fatigadas de informar.

Dou mais respeito

às que vivem de barriga no chão

tipo água pedra sapo.

Entendo bem o sotaque das águas

Dou respeito às coisas desimportantes

e aos seres desimportantes.

Prezo insetos mais que aviões.

Prezo a velocidade

das tartarugas mais que a dos mísseis.

Tenho em mim um atraso de nascença.

Eu fui aparelhado

para gostar de passarinhos.

Tenho abundância de ser feliz por isso.

Meu quintal é maior do que o mundo.

Sou um apanhador de desperdícios:

Amo os restos

como as boas moscas.

Queria que a minha voz tivesse um formato

de canto.

Porque eu não sou da informática:

eu sou da invencionática.

Só uso a palavra para compor meus silêncios.

BARROS, Manoel de. O apanhador de desperdícios. In. PINTO, Manuel da Costa.

Antologia comentada da poesia brasileira do século 21. São Paulo: Publifolha, 2006. p. 73-74.