quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Eros e Psique -O texto para que você possa ler...faça essa pausa!

Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.

Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.

A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.

Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.

Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.

E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,

E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.


Fernando Pessoa

É preciso acordar a princesa que dorme!

Confesso que ao ler este poema de Fernado Pessoa "Eros e Psique"-(a princesa que dormia),passei um tempo pensando no quão libertador, principalmente para as mulheres, o sentido depertado pelo poeta português.


Procuramos a vida inteira algo "fora de nós" para encontrarmos a felicidade...o encontro com o amor personificado em um alguém, o encontro com a satisfação pessoal cristalizada em promessas futuras ligadas à algo fora de nós_ "quando eu conseguir aquele emprego encontrarei a felicidade", "quando comprar aquele carro ou aquela casa serei feliz..."_ sempre tudo tão distante "atravessar muros, montanhas, perigos, ameaças, dragões..." E ser feliz torna-se algo tão inatingível nos dias de hoje ,como acreditar que há um príncipe ou uma pricesa encantada esperando por nós.E tudo torna-se a busca de algo que não depende de nós,pois está fora de nós!E ao acreditarmos nisso não controlamos...só esperamos...ficamos esperando..."e ela dele ignorado,ele para ela ninguém"...Mas o grande engano é que na espera não há busca e a busca em lugares errados não promovem o encontro.Continuamos ignorando e ignorados...continuamos incompletos pela impossibilidade do encontro perfeito...e somos ninguém...porque nos falta algo...O encontro!

"Ele tinha que,tentado vencer o mal e o bem,/antes que, já libertado,/deixasse o caminho errado/por o que a princesa vem"...para que haja o encontro precisamos ser libertos e encontar o caminho certo e vencer o mal e o bem dentro de nós...a busca nas muralhas e fossos dentro de nós mesmos...é uma grande aventura...e uma grande batalha...em nosso sono profundo ornados em era ( uma planta que representa o tempo que passa)...esperamos pelo encontro que mudará nossas vidas...aquele que dá sentido e nesse processo divino que faz existir o caminho!Ainda tontos, no meio do obcuro em nós, escondidos em tantas eras...por tanto tempo adormecidos...descobrimos que nós mesmos somos a princesa que dormia...E nesse encontro ao acordar ...DESPERTAMOS O MELHOR EM NÓS!E apaixonados por essa que dormia ignorada...somos capazes do encontro perfeito..."e foram felizes para sempre!"

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

"Um povo que não fomenta a sua arte...morreu ou está moribundo!"

Esta semana li uma notícia sobre o 2º Prêmio São Paulo de Literatura, promovido pelo governo do Estado de São Paulo, em cerimônia no Museu da Língua Portuguesa, na capital paulista.E comecei a pensar sobre o impacto desse prêmio para valorização daquele "que tem uma idéia, passa ela para o papel e trabalha como um lavrador debruçado em palavras e que vence suas inseguranças , dribla o medo do ridículo,e que se expõe, se desnuda e tem a coragem de ser escritor!"
Como professora de língua portuguesa percebo que esse desejo de escrever é mais latente nas séries iniciais,onde a criança despida de receios simplesmente escreve...desenha...conta a sua história...ela é livre...tem milhões de idéias...é incrível vê-las! Contudo, ao passo que crescem e que pela lógica crescente chamada de "série" e contraditoriamente aprendem mais, também, afastam-se cada vez mais desse ímpeto de escritor. Passam a se envergonhar, passam a ter receios demais, passam a acreditar que para escrever precisam saber mais... e que não são dignos...e mais ainda...eles vão desacreditando em suas idéias!
É preciso descobrir onde é que estamos errando. Será que é a forma como corrigimos?Ou de como avaliamos? Será que o papel do professor , ao invés de encorajar e dar asas às possibilidades, fruto de sua imaginação tão pura... passamos a criticar tanto ...apurar tanto...a "podar tanto" que cultivamos "árvores sem folhas que de tão podadas passam a não dar frutos e podem secar!"
Atitudes governamentais,municipais ou até mesmo no âmbito escolar que para fomentar a arte literária ,especificamente, realizam festivais, concursos e prêmios...nada valem se em nosso ofício (de ensinar o amor a nossa língua e o uso dela)"ceifarmos", "separando criteriosamente o joio do trigo" transformando assim a "produção literária" em "produção escassa" ou só para "subsistência"...é preciso alcançar o mercado externo..."uma produção também para exportação"...rsrs...