terça-feira, 13 de outubro de 2009

Uma conversa filosófica sobre Estética...

Referência Bibliográfica
HEGEL,G. H. Tradução de Marco Aurélio Werle.Volume I.Editora da Universidade de São Paulo.
A definição de Estética refere-se à ciência do sentido, da sensação como questão filosófica e não apenas como um estudo do objeto e o belo ou a bela arte. Há uma significação voltada à idéia de “provocar”, “instigar” em alemão o “empfinden” como o agrado das sensações e a admiração e que se adequaria ao estudo da filosofia da bela arte e isto deixa de fora o belo natural, em primeiro plano, é claro. Porque o “belo” artístico está acima da natureza sendo o belo artístico aquele que nasce do espírito que é uma espécie de reflexo desse “belo natural” e está contido no próprio espírito. A grande dificuldade que a “bela arte” enfrenta em relação ao tratamento científico está em alguns pontos instáveis, primeiramente, a indeterminação do critério do julgamento da arte, fator esse resolvido em parte por Kant e sua “crítica do juízo” contribuindo para idéia do critério de julgamento artístico. Outro fator levantado para que a bela arte não seja encarada como ciência, seria a visão da arte como algo supérfluo sem uma finalidade prática. Em oposição a esse pensamento, podemos entender que as belas artes como ciência ocupa-se com o pensamento que abstrai da massa as particularidades e sua universalidade. Então, podemos dizer de fato que o impulso universal do fenômeno do belo e do gosto na natureza humana leva–nos ao ideal de que a bela arte é uma liberdade verdadeira que atende a outros fins comuns ao pensamento do homem e interesses mais profundo do espírito, expondo a liberdade do conhecimento pensante e isso a torna digna de um estudo científico sério.
A obra de arte coloca, além de sua essência e aparência, a força temporal e histórica intrínseca na arte, no qual o pensamento filosófico se configura. Contudo, ultrapassando o estágio de considerar a obra de arte sob uma concepção cristã ou a idéia de veneração e adoração da mesma, graças a uma atitude mais racional diante da arte. O que existe é uma reflexão que suscita no observador um pensamento que se sobrepuja a própria arte. Essa cultura (bildung) da reflexão própria da vida contemporânea nos une os sentimentos e pontos de vista universais que particularizam os pensamentos humanos. Diante desse pensamento contemporâneo da arte, onde já temos um juízo de valores, a autenticidade da arte se perde em favor da representação do juízo estético que fica embutido na arte. E a partir dessas relações percebemos a necessidade, em nosso tempo, de uma ciência da arte, pois ele se sublima a simples contemplação, ela nos convida a uma contemplação mediada por um pensamento de juízo estético.
Se postularmos que o espírito tem a capacidade de observar, de ter uma consciência, ou melhor, de ter uma consciência de pensar sobre si mesma, é possível considerar que é justamente esse “pensar sobre si” que constitui o a natureza essencial do espírito. E é neste sentido que a arte se aproxima dessa natureza do espírito. Quando aceitamos que a arte nos oferece uma reflexão filosófica é impossível separar o filosofar da ciência, já que a filosofia deve desenvolver e demonstrar um objeto e sua natureza interior pode classificar, então, a cientificidade desta consideração. Neste âmbito, a arte está próxima do espírito e de seu pensar do que a própria natureza exterior destituída de espírito. A arte não é em si o pensamento e o conceito, mas um desenvolvimento do próprio conceito em si. Uma espécie de estranhamento (entfremdung) na direção do sensível, a força do espírito pensante que reside não apenas na forma, mas em si, na sensibilidade e no sentimento que transforma esse estranho em pensamento reflexivo que se conceitua no universal que também mantêm suas particularidades, por isso somente a ciência torna legitima a arte, não divagando ao ideal que se limita à fantasia e a imaginação pura e simplesmente, pois as formas não derivam do acaso.
As espécies de tratamento científicas do Belo e da Arte lançam teorias que oferecem pontos de vista universais para o julgamento estético e para a própria produção artística. O empírico como o primeiro modo de tratamento sobre o Belo e a Arte, assim toda a obra de arte pertence a sua época e a seu povo com concepções particulares e fins históricos, assim é necessário um conhecimento histórico para comparar as obras e compreender que é na sua singularidade que deve ser reconhecida. Outro modo de tratamento dado as arte refere-se à reflexão da arte e seu próprio juízo que formam critérios de forma geral para o desenvolvimento das teorias das artes., como as determinações universais que eram abstraídas e que tinham de valer como preceitos e regras.
A filosofia da arte não se ocupa com regras e prescrições para os artistas, mas deseja descobrir e refletir sobre o que é o belo. A arte de imediato não tem valor, mas por trás dela há um significado que permite que sua forma exterior (aubenerscheinung) possua um espírito – “uma aura”, onde sua exterioridade aponta para aquilo que é a sua alma.A arte tem a necessidade de manifestar sua vitalidade interior , seu sentimento, sua alma, seu espírito e sua alma como substancia intrínseca , é isso que denominamos como significado da obra de arte, e a partir desta concepção entendemos o Belo como um elemento exterior que significa um conteúdo interior .Mas foi a partir de Platão que se estabelece um modo mais profundo que reconhecesse a arte como reflexão filosófica diante de seus objetos por sua universalidade e não por sua particularidade.Sendo o “bom”, como as boas ações , o verdadeiro em essência o conceito do próprio Belo em si mesmo.Na verdade , o conceito filosófico do Belo deve ir mais além, deve conter em si mesmo o mediador de dois extremos reunindo a universalidade metafísica e a particularidade real.
As concepções que foram determinadas sobre a obra de arte envolvem três dimensões importantes: A obra de arte é um produto das mãos humanas, ou seja ela é uma produção consciente de algo exterior , uma espécie de intuição de circunstâncias exteriores que são manifestadas.Partindo para outra concepção, sabemos que a obra de arte é feita essencialmente para o homem e se destinas a despertar seus sentidos, pelo fato de que o próprio espírito se dirige ao mundo exterior e interior.Por fim, a concepção em que a arte possui uma finalidade em si mesma; por isso a obra de arte está acima do produto natural porque fez uma passagem pelo reflexivo espiritual e assim a necessidade universal e absoluta da arte brota da necessidade imanente do ser humano ser uma consciência pensante de uma necessidade universal racional de expor o mundo interior e exterior , como se a partir disto reconhecesse a si mesmo e ao próprio objeto e o mundo exterior em sua representação fosse reconhecido sua existência.A consideração que a bela arte está destinada a suscitar o sentimento em geral torna–se vazio pois se dedica apenas as particularidades subjetivas, as Belas Artes deve suscitar apenas sentimentos que decorram do fato dela ser bela o sentimento do “agrado”, uma reflexão que deve encontrar um sentimento peculiar do belo e um sentido para ele.
Enfim, é possível perceber que as concepções variaram durante o decorrer da história e que a discussão envolvendo o Belo, as belas artes e o fator objetivo ou subjetivo que define uma obra de arte foi se estruturando, pois se para Platão existia o “belo em si”, uma essência ideal, objetiva que havia um modelo e critério de julgamento onde o “bom” é o belo e está no próprio objeto. A partir dos empiristas, como David Hume , o belo é reduzido ao gosto subjetivo e que não poderia ser discutido racionalmente, pois não está no objeto.Kant, tenta resolver esse impasse entre subjetividade e objetividade afirmando que o belo é “aquilo que agrada universalmente, ainda que não se possa justificá-lo intelectualmente” e a causa reside no sujeito, assim o belo é uma qualidade que atribuímos aos objetos para exprimir certos estados da nossa subjetividade.Hegel, introduz o conceito de história , a beleza muda e se refaz através dos tempos – o devir que reflete na arte uma visão de mundo e sua época, para ele o espírito está na obra de arte pelas mãos humanas .

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