A escola está inserida em um contexto de respeito e de produção do discurso acadêmico e com base na valorização do discurso "daquele que sabe", contudo essas relações desiguais entre "aquele que sabe e fala" e "aqueles que não sabem e ouvem" têm produzido a exclusão daqueles grupos nos quais os universos não correspondem ao discurso privilegiado no espaço escolar. Deste modo, o discurso torna-se uma ferramenta de manutenção dessas relações de poder que se revela a todo instante no espaço escolar. mas, é possível notar uma mudança significativa dessa relação atualmente, já que (pelo que tenho observado em muitas escolas) a posse do discurso é quase que "tomada" do professor em sala, e este a todo custo tenta retomá-la.
Não é possível mais obter a posse do discurso em sala por meio de ameaças, como no passado que por muito tempo se fez.O discurso hoje é conquistado!!Muitos educadores precisam aprender ,que além de ser um "expert", ou seja , um especialista em sua disciplina, é preciso conquistar o discurso...que se revela nessa singela e importante homenagem: "a posse e guarda do discurso!" É concedido!Não é exigido...Esse "passe livre" é dado quando temos segurança, paixão pelo o que fazemos, quando acreditamos que há uma saída, quando não achamos que está tudo perdido, quando não olhamos para os alunos com a sensaçao de que "não há nada a ser feito", quando estamos preparados para dar a aula (ou seja planejamento!), quando paramos de culpar o sistema pela péssima educação do país, quando percebemos que podemos fazer a diferença, quando mostramos para eles que o "poder é deles!"...rsrrss...é loucura...mas é!O que devemos fazer é ensiná-los a saber o que fazer com esse poder e aprender a lidar com esse poder dentro de sala também, pois quando temos o poder do discurso , algumas vezes nos tornamos ditadores!Facistas e chatos!! !Precisamos de humildade sim!
Bem, isso não é teoria!Tenho vivido essa experiência...e percebido respostas surpreendentes!
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Quando não encontro palavras...elas me encontram...
O apanhador de desperdícios
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
BARROS, Manoel de. O apanhador de desperdícios. In. PINTO, Manuel da Costa.
Antologia comentada da poesia brasileira do século 21. São Paulo: Publifolha, 2006. p. 73-74.
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
BARROS, Manoel de. O apanhador de desperdícios. In. PINTO, Manuel da Costa.
Antologia comentada da poesia brasileira do século 21. São Paulo: Publifolha, 2006. p. 73-74.
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